Ep. 02: Para Sua Segurança Mantenha-se Atrás da Faixa Amarela
“Todos temos por onde sermos desprezíveis.
Cada um de nós traz consigo um crime feito ou o crime que a alma lhe pede para
fazer.”
Fernando Pessoa
No nosso segundo dia de Maratona d’O Melhor do
Crime Nacional, que encontra-se em campanha pelo catarse - https://www.catarse.me/crimenacional - vamos trazer um pouco do processo de
escrita do conto Para Sua Segurança,
Mantenha-se Atrás da Faixa Amarela, da escritora Julia do Passo Ramalho.
“A premissa do conto Para Sua Segurança Mantenha-se Atrás da
Faixa Amarela, já rondava há algum tempo meu imaginário. Alguns anos atrás, li
o que se tornou minha serie literária favorita: A torre Negra. Nos livros, uma
das personagens havia sido empurrada na frente de um trem de metrô, tendo
perdido as pernas por conta do acidente.
Como não dirijo, faço bastante uso do transporte público. E
desde minha infância sempre fui apaixonada pelo metrô. Me encanta caminhar em
túneis por baixo da cidade. Mantenho a crença que no metrô estamos em outra
dimensão temporal.
Por vezes ao aguardar o embarque, ouvia a famosa chamada:
Para sua segurança mantenha-se atrás da faixa amarela. E imediatamente notava
meus pés, costumeiramente a frente do limite indicado.
Assim incluir o metrô em uma das minhas histórias me pareceu
natural. Como também sou psicóloga, a sociopatia, traço constituinte dos
assassinos em série, naturalmente é um assunto que despertava meu interesse.
Ao ver o edital do Melhor do Crime Nacional, ambas as
temáticas se juntaram em minha mente. Escrevi o conto em uma sentada. Sem
dúvida esse trabalho, foi um dos mais prazerosos que pude escrever.
Espero que gostem de ler o tanto que eu gostei de
escrevê-lo.”
Ah. E não paramos por aí. Que tal ficar com
ainda mais água na boca e experimentar um pouquinho do conto da Júlia?
“Eu descobri a morte aos dez anos. Foi um porquinho da índia
chamado Tito. Eu havia ganhado ele de aniversário, não foi o presente pedido
por mim. Eu queria um kit de jovem cientista, com tubos de ensaio, microscópio
e até uma pequena variedade de produtos químicos. Ao invés disso, ganhei aquela
coisinha irritante e fedida. O pior eram meus pais brigando comigo e me
obrigando a limpar e cuidar do bicho asqueroso. Eu não gostava de animais. Eu
não gostava das outras crianças, eu nem mesmo gostava dos meus pais. Eu os
aturava com um falso carinho e respeito, pois eles me eram necessários e mesmo
muito nova tinha consciência disso.
Voltando ao Tito, eu não só desgostava daquele animal. Eu o
odiava. Ele me lembrava do presente tão desejado e não ganho, ainda por cima
era o motivo de broncas e obrigações aborrecidas. Por isso o matei. Eu reportei
aos meus pais do sumiço de Tito, disse isso com lágrimas e soluços
milimétricamente ensaiados. Fui até consolada na ocasião de sua falsa fuga.
Enquanto minha mãe me abraçava, eu sonhava em contar a verdade. Eu havia
afogado o desgraçado na privada.”
Para saber mais sobre o projeto e ter esse
livro em mãos, você pode apoiar o projeto no catarse.
Lembrando que, como consta lá no catarse:
Durante o edital foram recebidos mais de 100 contos de todo o Brasil. Enredos
dos mais distintos nichos e que fariam o leitor caminhar por sua cidade, ou
pensar em viagens pelo país, com o olhar inusitado de quem desconfia, ou se
lembra, de onde está pisando.
E, dessa centena de concorrentes, após a
curadoria, os organizadores optaram por ampliar as vagas e selecionar 15 autores, além dos
convidados e organizadores.
Vamos ajudar esse projeto de Literatura
Nacional, que vai dar vida a histórias incríveis de 18 talentosos escritores
tupiniquins.
E se quiser conhecer mais o trabalho da Julia, acesse:
@juliadopassoramalho no instagram.
Até a próxima, folks!
Até a próxima, folks!
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