Good Omens (Belas Maldições)

em terça-feira, 3 de setembro de 2019

Título: Good Omens - Belas Maldições
Editora: Bertrand
Autor: Neil Gaiman e Terry Pratchet
Gênero: Fantasia, comédia
Páginas: 364



A primeira vez que li Belas Maldições, o livro não se chamava assim, porque li em inglês, e numa tradução livre, Good Omens estaria mais para "bons presságios" do que para maldições, ainda que belas. Uma edição antiga, de bolso, daqueles que a gente compra em qualquer banca de jornal em Londres (embora a minha edição seja americana). 


Me diverti muito com as presepadas de Aziraphale e Anthony Crowley, tentando entender o tal do plano inefável do todo poderoso e ganhar mais um tempo aqui na terra.  Mas na época eu não quis resenhar, por motivos de: "Ah, não tem em português." Só que tinha. E a criatura aqui ignorava totalmente a existência de Belas Maldições.


Eis que, em Maio/2019, a Amazon Prime lançou a mini série de 6 episódios. E eu resolvi ler novamente antes de conferir a adaptação. Mas dessa vez, a versão traduzida, é claro. Afinal, dessa vez, eu sabia que Belas Maldições e Good Omens eram a mesma coisa. Ou quase isso.


E depois da introdução mais longa da história desse blog, eis, finalmente, a resenha!

Então, o mundo foi criado. Adão e Eva foram expulsos do paraíso e se tornaram os primeiros humanos a povoar a terra. E eles vieram junto. Você sabe, Aziraphale, o anjo e Crowley, o demônio, que mudou de nome com o passar do tempo. Originalmente ele se chamava Crawly, o rastejante, um demônio serpente.

Passaram-se os milhares de anos, as hecatombes bíblicas e as não registradas, as guerras e as revoluções,  e a dupla anjo e demônio vendo tudo acontecer, se afeiçoando cada vez mais à humanidade até quase esquecerem suas funções e origens. Eu disse quase.

Um dia, quando muito já bem estabelecidos, ali pela década de 90, Crowley recebe a ordem de entregar o anticristo ao mundo. Ele só precisava trocar os bebês numa maternidade de freiras satanistas (sim, você leu certo: freiras satanistas) e se certificar  de que o anticristo cresceria numa família influente, capaz de incitar a guerra. E dali a onze anos, quando o anticristo encontrasse com seu cão do inferno, o mundo finalmente encontraria o Armagedom. E então as hordas celestiais e infernais poderiam ter seu combate final. A guerra de todas as guerras.

As coisas não acontecem exatamente como deveriam acontecer, fazendo com que Crowley e Aziraphale se unam para evitar que o mundo acabe, rendendo cenas hilárias:

1 - A união/amizade deles não pode ser explícita, afinal eles tem que prestar contas aos seus devidos departamentos, e tecnicamente, anjos e demônios não se misturam;

2 - A amizade deles é a definição de confiar desconfiando: Aziraphale é um péssimo mentiroso e Crowley, apesar de ser demônio, às vezes acaba sendo crédulo demais.

Mas a história não se resume a essa dupla, existem outros fios que vão se desenrolando em paralelo, até que todos se unem no final.

Um desses fios é a trilha seguida por Anathema Device, uma bruxa descendente de Agnes Nutter, que escreveu "As Justas e Precisas Profecias de Agnes Nutter".  Anathema segue as previsões de sua ancestral e sabe que o mundo está para acabar. Já sabe até onde vai acontecer a coisa toda. Mas não faz ideia de quem é o anticristo e o que fazer para derrotá-lo e evitar o fim do mundo.

Temos também Newton Pulsifer, um rapaz descendente de antigos caçadores de bruxas e que acaba se envolvendo nessa coisa de fim do mundo só porque estava entediado. O Sargento Shadwell, líder do exército Caçador de bruxa, Madame Tracy, uma médium, vizinha  o sargento e por fim...

Temos o grupinho de arruaceiros da cidadezinha de Lower Tadfield, conhecidos como os "Eles": quatro crianças de onze anos, cujo lider é Adam Young, ninguém mais ninguém menos que o próprio filho do diabo, embora ele não faça ideia de sua origem.

Ah, e tem também os quatro cavaleiros do apocalipse e isso por si só, já é um show a parte, rendendo ótimas cenas nas apresentações de cada um.  Guerra, Fome, Peste e Morte, apesar de cavaleiros, estão mais para motoqueiros do apocalipse. E nessa história, Peste se aposentou e o cavaleiro Poluição assumiu o seu lugar.

Por mais estranho que pareça ser, todos os fios apresentados ao longo dos sete capítulos se unem naturalmente, fazendo a leitura fluir rápida e divertida.

Belas maldições é uma fantasia de comédia, com humor inteligente e perspicaz, provando mais um a vez porque Gaiman e Pratchett são leituras indispensáveis para quem adora o gênero de Fantasia. 


A inversão dos pontos de vista dos personagens ao longo da história e a brincadeira com os múltiplos significados das coisas, torna essa leitura única. Falar do fim do mundo, de anjos e demônios, de crianças e outros humanos com humor e sem se render ao maniqueísmo (divisão do mundo entre bem e mal) é simplesmente incrível. 

Leitura indicada para quem curte comédia, humor inteligente e uma boa fantasia fora do lugar comum.

Até a próxima, folks!

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