Os Filhos de Anansi

em quinta-feira, 17 de novembro de 2016

Autor: Neil Gaiman
Gênero: Ficção, Fantasia urbana, Romance
Páginas: 383
Editora: Conrad | 1ª edição 2006

Essa não é minha primeira resenha de um livro do Gaiman e muito provavelmente não será a ultima. Mas há algo nesse livro de hoje que é bem especial para mim, sendo sem dúvida, um dos meus favoritos indispensáveis.

Em Os filhos de Anansi, temos Charlie. Um americano natural da Flórida que há muito vive em Londres. Lá ele vive uma vida pela metade: Um emprego meio bom, uma casa meio boa, um meio noivado. Mesmo achando que tudo poderia ser melhor, acostumou-se com sua rotina meia-boca. Afinal, ele mesmo não se achava assim, tão bom para ter uma vida plena.

Charlie vê desmoronar o equilíbrio conquistado com tanto esforço quando recebe a noticia do falecimento de seu pai.

Durante a viagem para acompanhar o enterro, ele sofre ao lembrar o quanto o velho o fazia se sentir desconfortável e pagar mico constantemente. Seu pai tinha sido, no final das contas, o principal motivo para ter ido morar em outro país. Viajar para seu antigo lar significava remoer velhas mágoas, visitar lembranças que pareciam estar perdidas em algum porão antigo.

Embaixo de todo aquele conformismo, dentro de Charlie havia um garoto que não amadurecera o suficiente para se tornar homem. Para se tornar tudo o que ele poderia ser.

Para sua coleção de micos, Fat Charlie (como seu pai costumava chama-lo) chega atrasado ao enterro do pai, e encontra um rapaz extremamente parecido consigo mesmo, só que, com uma aparência, muito, muito melhor. Pouco tempo depois esse rapaz se apresenta como irmão gêmeo de Charlie e resolve ajudar o irmão a ter a vida que merecia ter.

Mas as coisas não eram tão simples assim. Nem de longe. De onde “brotara” esse irmão gêmeo? Por que seu pai jamais havia falado dele? E por que ele sabia tanto de Charlie e Charlie não sabia nada dele?

A jornada de Charlie é tão fascinante quanto a mitologia africana onde Gaiman montou o cenário obscuro da trama.  E é tentando desvendar esse mistério e se livrar das confusões em que o suposto irmão o mete “cheio de boas intenções”, é que Charlie finalmente acorda para si mesmo e para o mundo.

A narrativa é suave e tem aquele toque surrealista típicos das obras de Gaiman. Quem acompanhou Sandman sabe do que estou falando. Esse recurso consiste basicamente em narrar uma cena absolutamente insólita como se fosse a coisa mais natural do mundo. Fim. E não importa quantas vezes esse cara use isso. Sempre dá certo e eu sempre fico uaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaau.

Anansi é o Homem aranha que conta histórias ao mundo. Na wikipedia tem a história caso esteja curioso, mas já adianto que a versão contada por Gaiman em uma passagem do livro é muito mais bonita.

A nova edição lançada pela Intrínseca é linda, mas não abro mão de jeito nenhum do meu exemplar lançado pela Conrad em 2006. Simplesmente adoro esse projeto gráfico!


Leitura indicada para quem adora fantasia urbana, romance e personagens super bem desenvolvidos.


OBS: Leitura obrigatória para fãs do escritor. E se achar que umas certas senhoras são muito parecidas com umas outras certas senhoras de O oceano no fim do caminho, pode ter certeza que não é mera coincidência. Fica a dica.

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