Páginas: 306
Editora: Bertrand Brasil
Em a Biblioteca da meia-noite, somos apresentados a Nora Seed, uma mulher de trinta e cinco anos que carrega consigo muitos arrependimentos. Ela se sente o tempo todo submersa em seus problemas e numa constante e quase tangível falta de propósito. E então... numa noite em que chovia muito, depois de um longo dia em que seu gato havia morrido, ela havia sido demitida e seu vizinho idoso não precisava mais dela para lhe ajudar com remédios, Nora decidiu que precisava, desesperadamente, morrer.
Ao cair no pesado e profundo sono da morte, Nora despertou em frente a uma imensa biblioteca. Resolveu entrar nela e se deparou com a antiga bibliotecária da escola onde havia feito o ensino médio. E foi explicado que Nora estava ali, na sua própria biblioteca. Todos os milhares de livros ali contavam histórias de suas vidas. Todas as coisas que teria acontecido se, em algum momento, ela tivesse feito escolhas diferentes.
O primeiro livro que Nora lê, é o livro dos seus arrependimentos. Ele é pesado, prateado e quase insuportável de ler. Ao reler seus arrependimentos, Nora sentiu novamente toda a dor que os arrependimentos lhe causavam, até perder as forças e ansiar novamente, mais do que antes, pela morte. Essa cena foi muito impactante para mim. Imagina, de repente, você relembrar de todos os seus arrependimentos, dos menores aos maiores. Imagina que você desistiu de viver por estar soterrada de arrependimentos. Mas, como bem explica a bibliotecária, aquela biblioteca é o oposto da morte. E se ela estava ali, é porque precisava continuar. Precisava escolher uma nova vida.
E assim, meio a contra gosto, ela aceita a proposta da bibliotecária, de encontrar uma vida onde se sentisse feliz. E Nora passa a experimentar dezenas de vidas diferentes. E nós a acompanhamos nessa busca. Começamos conhecendo as versões de Nora se ela não tivesse desistido de se casar, de ser nadadora, de ser cantora, se ela tivesse mudado de país até passarmos a explorar outras pequenas e quase invisíveis escolhas que levavam a outras e outras vidas. Em certo momento da história, temos um ponto de virada que explica um pouco mais sobre o que é a biblioteca da meia noite pelo o que a Nora está passando de fato.
Quando eu peguei esse livro, estava entusiasmada e minhas expectativas estavam bem altas, pois todo mundo estava falando super bem dessa leitura. Que era inspiradora, que rolava uma grande identificação com a protagonista. E bom... admito que para mim, A Biblioteda da Meia-Noite pareceu formulaico e até mesmo, metódico. Quando o livro começa, a gente meio que já sabe como vai terminar. E tudo bem. O problema mesmo, para mim, foi a jornada que a personagem passou até o desfecho da história.
Durante a escrita, não me pareceu natural a forma como ela foi lidando com as coisas e aprendendo sobre elas. Em alguns momentos, tive a sensação de que a protagonista seguia um roteiro e que reproduzia os seus aprendizados mecanicamente. Principalmente num trecho em que, em uma de suas vidas, ela está conversando em um podcast.
E quando chegamos ao final da história, não temos o ápice de todas as escolhas feitas e de como aquilo impactaria dali pra frente. A personagem muda a sua forma de encarar as coisas e passa a dar valor para a sua própria vida original. E isso seria muito bacana, se a escrita e forma de chegar nessa reflexão não tivesse sido tão... burocrática.
Então essa não é daquelas resenhas em que super indico a leitura. Apesar de bem escrito, A Biblioteca da Meia-Noite apresenta uma protagonista de certa forma, enfadonha. E a explicação da física quântica e teoria das cordas pareceu encaixada de qualquer jeito, para dar algum sentido ao que estava acontecendo.
Por é só, vou ficando por aqui e...
Até a próxima, folks!
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