Filhos do Éden - Herdeiros de Atlântida

em quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Autor: Eduardo Spohr
Gênero: Anjos - Ficção, Ficção brasileira
Páginas:473
Editora: Verus Editora, 2ª edição, 2011.

Aproveitando que minha última resenha foi sobre a Batalha do Apocalipse, resolvi dar continuidade às obras de Spohr e resgatei essa resenha que escrevi um tempinho atrás em outro canal, que hoje está desativado. Nada mais justo, já que estou lendo o segundo livro da série Filhos do Éden e que, pelo o que está rolando, vai virar resenha aqui no Barato também! Vamos ao que interessa:

Esqueça daqueles anjos fofinhos, bonzinhos e adoráveis que tocam harpas deitados em macias almofadas de nuvens!

Filhos do Éden – Herdeiros de Atlântida se mostra como uma complexa e centrada hierarquia angelical, onde os arcanjos estão em guerra, Deus está dormindo e a humanidade nem faz ideia do que paira ao seu redor.
No enredo, temos o mistério de um anjo chamado Kaira (de uma “anja” no caso) desmemoriada e que caminha entre os meros mortais deste planeta, acreditando piamente ser uma de nós!
Para resgatá-la, são enviados à Terra ou Haled (é assim que os anjos chamam nossa dimensão) Urakin e Levih, o primeiro é um querubim casca grossa e o segundo um adorável Ofanin – o anjo mais fofo e cute-cute de quem já ouvi falar.
A dupla angélica não teve muitas dificuldades em encontrar Kaira e depois do estranhamento inicial e de uns incidentes, acabam convencendo a ruiva (sim, ela é uma linda e sexy anja ruiva) de que é ela é de fato um anjo, uma Ishin manipuladora do elemento fogo. Se você não sabe o que é um Ishin, um Arconte e tudo o mais, não tem problema! Eu também não fazia ideia do que era isso antes de ler o livro. Lá está tudo explicadinho então pode embarcar nessa aventura sem medo de se perder!
Por conta dos incidentes que já falei antes, o trio precisa agregar mais um elemento ao grupo: Denyel, um querubim exilado, marrento, de comportamento dúbio e caráter duvidoso. Apesar de todas essas qualidades deméritas, tive a nítida impressão de que Denyel roubou a cena e Kaira ficou de certa forma em segundo plano. Não sei dizer se isso se deve ao seu ar metido ou às suas manias clichês. Denyel simplesmente é. E sem ele, convenhamos, o livro não teria nem de longe o mesmo brilho.
Impulsionados a resolver o mistério da falta de memória, que a impede de usar seus poderes, Kaira e Denyel embarcam numa aventura surpreendente em território brasileiro, com paisagens deslumbrantes, perseguições em autoestrada, deuses, hordas de demônios famintos, enfurecidos e dissimulados. Ah, e tem os anjos da oposição, que conseguem ser ainda mais cruéis, frios e ardilosos do que os demônios mais danados. O final guarda surpresinhas de tirar o fôlego e percebemos que nenhuma página foi desperdiçada no livro inteiro…
Okay Dany… e onde está a Atlântida nessa história toda? Está lá ué! Se esse livro pudesse ser resumido em uma frase, ela seria: “Todos os caminhos levam a Atlântida”.
Filhos do Éden é um trabalho incrivelmente rico, com um universo muito bem delineado com suas leis, falhas, mistérios e mitologia. A segregação de castas angelicais é muito nítida e bem construída, chega a ser um trabalho cirúrgico, se repararmos na quantidade de detalhes.
Ouso dizer que esse livro é um compêndio introdutório de informações sobre o universo fantástico que Spohr construiu, já que em alguns momentos me senti bombardeada de informações, mas isso de forma alguma diminui a qualidade do trabalho, o prazer da leitura e a vontade de conhecer a continuidade da série!
Indico essa leitura para quem deseja um novo tipo de oxigênio em literatura fantástica. Para quem já conhece um pouco de mitologia angélica, pode se sentir um tanto resistente em aceitar o universo sugerido (eu fiquei), mas depois que entendemos que esse livro nos traz uma dimensão única de leitura e que é uma nova forma de olhar velhas questões, ficamos muito confortáveis e ávidos por devorar uma página após a outra!
Até a próxima babys!
Ótima leitura!

O Baile das Lobas de Mireille Calmel

em domingo, 22 de fevereiro de 2015

Autor: Mireille Calmel
Gênero: Ficção, Romance Histórico
Páginas:344, Volume I - Câmara Maldita
421, Volume 2 - A Vingança de Isabel
Editora: Nova Fronteira

No primeiro volume de "O Baile das Lobas", somos apresentados a pequena cidade na França de Montguerlhe, no ano de 1500. Isabel é a filha mais velha de uma família simples e está muito feliz, pois seu casamento com o amor de sua vida se aproxima. Porém, algo inesperado acontece, pouco antes de seu casamento, o senhor das terras Francisco de Chazeron faz uma visita aonde ela vive. 

Quando Franscico a vê a única coisa que sabe é que ele deseja Isabel para ele. Mas não se engane, isto não é uma história de amor entre um homem poderoso e uma plebeia. Franscico não ama Isabel, ele só a deseja. E como cruel tirano que é, exige que a primeira noite da dama seja com ele. 

Em desespero, Isabel e seu noivo resolvem fugir antes do inevitável, mas Francisco os surpreende. Ele manda que seus homens matem o noivo de Isabel na frente dela. Ele à leva até seu castelo, onde a viola com requintes de crueldade e em seguida manda que a joguem na floresta em meio a neve para morrer de frio ou ser devorada pelos lobos da região.

O que Francisco não sabe, é que Isabel tem em seu sangue um dom de família que a liga aos lobos que não fazem mal a ela. Reunindo suas poucas forças ela entra em uma caverna onde tenta se recuperar.
Francisco vê as roupas esfarrapadas e as pegadas de lobo e pensa que ela foi devorada.
Mas Isabel não esquece e cada dia no frio e na escuridão da caverna ela traça e planeja sua vingança, que apenas a morte não seria suficiente para satisfazer.

Com mais de 700 mil exemplares vendidos na França, Mireille Calmel produz nesta obra de dois volumes ("A Câmara Maldita" e "A Vingança de Isabel") uma saga de vingança e dor. Os personagens são movidos por emoções extremadas e boa parte da história se desencadeia por decisões impulsivas que eles tomam movidos pela dor ou paixão.

O livro é bem contextuado na época, com participação de personagens marcantes como Paracelso, Albéria e Hugo de La Faye. Os Lobos não tem papel principal na trama, sendo o dom de Isabel apenas algo secundário, sem grande destaque na obra.

A edição tem um recorte na capa vazado no formato de pata de lobo, transmitindo charme e elegância a obra. Recomendado para quem gosta de tramas de vingança e romances históricos. 

Sinopse: Isabel não saberia dizer quando começou a sentir frio. Foi uma sensação a um só tempo breve e violenta. E dolorosa, isto sim, infinitamente dolorosa. Ergueu a cabeça. Em meio às nuvens negras que se acumulavam, prestes a desabar sobre Auvergne, a lua cheia sorria em sua placidez de alabastro.
Isabel percebeu que estava de bruços na lama de um riacho, fora da última cinta do castelo, sem qualquer outra lembrança além dos olhos cruéis de Francisco acima dos seus enquanto ele fazia o que bem entendia em seu ventre, emitindo grunhidos de prazer. Foi a dor que a trouxe de volta à vida. Naquele instante, um raio cruzou a noite furiosa, iluminando uma abertura no paredão da montanha. E, quase imediatamente, a tempestade caiu sobre suas feridas, como que limpando a injúria que sofrera. Tinha ainda a impressão de que o seu corpo estava todo quebrado, moído, dilacerado, mas pouco lhe importava.
Enquanto enfiava seus dedos na lama, tentando se arrastar até o abrigo da gruta que avistara, uma palavra, uma única palavra pôde amainar a dor de suas feridas.
Vingança. Vingança.

A Sétima Torre- A Queda

em sábado, 14 de fevereiro de 2015

Autor: Garth Nix
Gênero: Ficção, Fantasia, Aventura
Páginas: 206
Editora: Nova Fronteira

Tenho este livro há treze anos. Quando o vi na livraria fiquei intrigada com a capa, me chamou a atenção o logo da "Lucas Books", porque este livro foi inicialmente publicado pela Editora de George Lucas, o diretor dos filmes do universo "Star Wars".
E por último, mas não menos importante, o que me convenceu a comprá-lo foi a frase de chamada da contra-capa, que diz: "O Céu vai vir abaixo." E sinceramente, nunca me arrependi e sempre o recomendo a todos que conheço.
No universo do livro somos apresentados a um mundo coberto por um mágico véu negro, que se estende por toda a superfície impossibilitando a entrada de luz solar. 
Como substituto são utilizadas "Pedras-do-Sol", estas são pedras de energia solar e também são símbolos de status nesta sociedade, na qual está o nosso cenário inicial: O Castelo das Sete Torres.
Neste castelo as pedras-do-sol são cultivadas no topo das torres em redes e colhidas periodicamente para o uso. As Torres são um sistema de divisão de castas que atribuí o status social para as pessoas que habitam o Castelo. 
As Torres são separadas pelas sete cores do espectro do arco-íris. Sendo a casta inferior da cor Vermelha, onde normalmente as pessoas viram servos das classes mais altas. A última, é superior é a Violeta; sendo a classe da Imperatriz, que é quem governa o universo do Castelo. Também existe um sistema de magia de luz que envolve as pedras e as cores do arco-íris. Um detalhe importante é que ninguém pode sair do castelo, pois dizem que fora dele há apenas um mundo de gelo inóspito e sem vida.
Agora que já conhecemos o mundo, vamos conhecer nosso protagonista: Tal. (Sim, é um nome estranho mesmo)
Tal está prestes a completar treze anos, pertence a casta Laranja e acaba por se ver envolto em um grave problema: seu pai saiu em missão para a Imperatriz levando a pedra-do-sol original da família e desapareceu na missão. Sua mãe está com uma doença degenerativa que a mantém presa a cama sem poder sair. Sendo assim, Tal ficou responsável por cuidar de seus irmãos mais novos e da mãe. 
Mas, este ainda não é o principal problema de Tal. Ele precisa desesperadamente de uma pedra-do-sol nova. Isto porque ao completar treze anos, todos os adolescentes devem ir a Aesir, o Reino dos Espíritos. Estes espíritos são a razão de ter sido construído o véu, que impede que eles entrem neste mundo, quando descem no entanto eles tomam a aparência de sombras. 
Porém foi descoberto pelos criadores do véu, que se você capturasse este espirito no reino de Aesir usando uma pedra-do-sol,  você poderia torná-lo sua sombra pessoal (pense que você está andando e quando olha para o chão a sua sombra se mexe diferente, tem vida própria e a forma de algum monstro), elas se tornariam então servidoras/escravas daqueles que a capturaram. Então estabeleceu-se um costume: Ao fazer treze anos o jovem deve ir com uma pedra-do-sol capturar uma sombra de Aesir para ser sua. 
Tal tem treze anos e agora sem a pedra-do-sol da família, ele se encontra em um dilema. Se ele não conseguir outra pedra-do-sol para chegar até o mundo de Aesir e conseguir uma nova sombra, ele será rebaixado de casta e separado de sua família para sempre. 
Nasce então a busca desesperada de Tal pela pedra-do-dol e a partir daí confusões e aventuras impensáveis compõem sua vida, levando-o ao ato desesperado de escalar uma Torre para consegui-lá, da qual ele caí...
A leitura é contagiante, o autor nos aprisiona logo em seu primeiro capítulo. Na verdade, o capitulo zero, no qual ele narra uma cena central do livro cheia de ação. Depois seguimos para a primeira parte do livro na qual somos apresentados ao universo e os problemas de Tal, para em seguida, na segunda parte temos o desfecho de sua queda no mundo de gelo, que no fim das contas possui alguns habitantes nem sempre receptivos...
Um dos personagens mais bacanas e que se destaca na trama é o tio de Tal, Ebbit. Ele aparenta ser um velho louco, mas é quem mais irá ajudar Tal em sua busca pela pedra-do-sol e a resolver seus problemas. Milla também é uma outra personagem chave que somos apresentados e serve para contrastar com a personalidade de Tal.
A série tem seis livros e pretendo falar dos outros em futuras resenhas, convido a todos a embarcar nesta aventura com personagens marcantes que te acompanharão muito tempo depois de ter acabado de ler.

Sinopse: O céu vai vir abaixo.
Tal viveu toda a sua vida na escuridão. Nunca saiu de seu lar, um misterioso castelo de sete torres, e não percebe a ameaça que irá separá-lo de sua família e de seu mundo.
Mas Tal não pode ficar a salvo para sempre. Quando chega o perigo, ele precisa desesperadamente escalar a Torre Vermelha e roubar uma Pedra-do-Sol. Ele alcança o topo mas...
...cai num estranho desconhecido mundo de guerreiros navios no gelo e magia oculta. Lá, Tal faz um inimigo que irá salvar sua vida- e que possui a chave de seu futuro.

Resenha – A Batalha do Apocalipse

em sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015


Autor: Eduardo Spohor
Gênero: Fim do mundo /Ficção brasileira
Páginas: 586
Editora: Verus Editora


Demorei muito para começar a ler esse livro, pois sempre colocava outros na frente, mesmo com essa capa azul e super dramática me chamando. A verdade é que eu não curtia muito livros ou histórias sobre anjos. Bem, não curtia até LER A Batalha Do Apocalipse. É uma leitura da qual não me arrependo nem um pouquinho assim, e sempre indico quando possível, pois o trabalho nele é simplesmente incrível!


Nesse livro somos apresentados ao enigmático Ablon, um anjo que foi expulso do paraíso e condenado a passar o resto da sua existência entre nós, reles mortais ignorantes e manipuláveis. Milhares de anos se passam e acompanhamos as ações atuais do anjão em questão, intercalado com flashbacks do passado, por onde passeamos por diversas fases da história da humanidade, nos mais diversos cantos do planeta. Os pedaços que mais gostei incluem a Torre de Babel (onde Ablon conhece a Shamira), Roma e Nazaré. Isso mesmo, ele foi fazer uma visitinha à Jesus. Ah, também tem uma passagem no mundo das fadas, que passa mais rápido que uma brisa, mas não deixa de ter seu encanto.

Uma das coisas que mais gostei no livro é a personagem Shamira, uma mortal que prolonga sua vida através da magia e pode ser tão “imortal” quanto desejar. Como é uma bruxa super-poderosa-competente-gata-e-sensual sempre consegue tirar Ablon das enrascadas em que se enfia, por sua personalidade esquentada e mania de resolver tudo com os punhos. Sério, um dia ele resolve descer ao inferno para buscar um amigo que caiu nas garras de Lúcifer, no melhor estilo “querubim de ego super concentrado”. Imagine a situação. Ou melhor, leia o livro que fica mais interessante!
Ao mesmo tempo em que viajamos pelo mundo, temos informações sobre as dimensões angélicas e suas hierarquias, conhecemos o inferno e sua organização demoníaca.
O final é incrível, fiquei surpresa com o rumo que as coisas tomaram e por um tempo deu um nó na minha cabeça...

Uma leitura simplesmente formidável, um trabalho de pesquisa impecável e paisagens estonteantes (não é todo dia que passeamos pela idade média e entramos num círculo de fadas). As cenas de luta são dinâmicas e titânicas, com direito a super golpes celestiais com nomes próprios.

É melhor ir parando por aqui, antes que eu continue falando e tomando seu tempo de correr atrás desse livro e devorá-lo.

Até a próxima folks!   





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