Talvez você deva conversar com alguém

em terça-feira, 7 de junho de 2022

 


Autor: Lori Gottlieb

Editora: Vestígio

Gênero:  biografia, psicologia, psicoterapia

Páginas: 448


Já começo essa resenha dizendo que se trata de um livro bem diferente do que eu costumo ler, mas ainda assim, uma das melhores leituras de 2021.

Imagine acompanhar algumas histórias de pessoas quebradas. Quebradas seja pela vida ou por outras pessoas, mas, sobretudo, por si mesmas. 


Agora imagine ver que essas mesmas pessoas quebradas encontraram um caminho para se tornarem livres, assumindo suas próprias histórias e tornando aquilo que as limitavam em sua maior força.  Até parece comercial da Polishop, né? 


Mas, bem diferente desses comerciais em que tudo parece simples e fácil, nós acompanhamos pessoas reais passando por um processo profundo de encarar a si mesmas. E o primeiro passo para isso é conversar com alguém. Alguém que esteja ali para te ouvir, para te confrontar e confortar, para te ajudar a ver que nem tudo é um bicho de sete cabeças e que, mesmo quando a coisa é complicada, há um caminho que estamos distraídos demais para enxergar.


Em "Talvez você deva conversar com alguém" somos apresentados a Lori, uma terapeuta, e seus pacientes. E cada paciente traz consigo uma história, que vamos conhecendo com o passar dos capítulos. E fora cada paciente, temos a história da própria Lori, que procura a terapia por estar passando por um momento difícil e esse momento difícil é apenas uma cortina que esconde motivos mais densos que ela tinha certeza de que estavam  resolvidos (só que não).


Eu poderia falar um pouco de cada história apresentada, como o caso da paciente terminal, ou do cara que parecia um tremendo idiota (e que, convenientemente, achava que todos ao seu redor eram idiotas), ou da senhora extremamente amargurada que estava disposta a dar cabo de si mesma. Mas o que quero falar desse livro não se restringe somente ás histórias contadas. O que quero falar vai um pouco além, está ali, nas entrelinhas das coisas que foram mostradas em vez de descritas.


Os dramas pessoais vividos pelos pacientes e pela própria terapeuta são um eco de todos nós, como se, de certa forma, fossemos ressonantes. E o que torna essa leitura tão especial é o fato de cada um ali ter se permitido expor suas fragilidades e encará-las.  A própria Lori precisou abrir mão do controle para deixar a terapia fluir. Entrelaçados aos capítulos, temos algumas explicações a respeito de métodos terapêuticos e termos usados em psicologia, inseridos com precisão cirúrgica para guiar o leitor durante a jornada de acompanhar os pacientes e também para nos situar das decisões tomadas pelos terapeutas.


A experiência de ler VPCCA (tive que apelar para sigla, o título desse livro é bem grande!) é tocante, ao mesmo tempo que nos prepara e nos educa. Nos prepara para termos um olhar menos unilateral, em que o mundo é regido apenas pelo o que vemos e nos educa a praticar, ou melhor, nos educa a "percebermos" a empatia. 


E por que digo isso? Somos seres sociais, vivemos em grupos. A empatia é algo que nasce conosco, mas muito raramente é utilizada. A partir do momento que passamos a perceber alguns detalhes de nós mesmos e dos outros, vamos "percebendo" a nossa empatia. 


A empatia é mais do que se colocar no lugar do outro. É saber que todos trazemos histórias e marcas, e que, muitas vezes, agiremos conforme nossas cicatrizes e esqueceremos que é possível aprender com elas sem que endureçamos nossos corações.


"Talvez você deva conversar com alguém" tem uma linguagem fluida e instigante. Nunca pensei que me envolveria tanto com um livro que é bem fora da minha zona de conforto literária. Admito que parte da minha empolgação com a leitura foi a curiosidade de saber onde aquelas histórias iam dar, ainda mais sabendo que eram histórias reais, mesmo que contadas de uma maneira romântica. Qual o desfecho daquelas pessoas? Era o que eu me perguntava toda vez que não estava lendo.


Leitura super recomendada para quem gostaria de conhecer um pouco mais sobre a terapia,  para quem gosta de casos reais de superação e para quem, assim como eu, adora ler!


Vou ficando por aqui e... até a próxima, folks!

2 comentários:

Lili disse...

Amei a resenha, e o olhar macro sobre as histórias contadas.
Ainda pretendo terminar esta leitura. Inclusive esse post me deu mais determinação para.
bjs

Ps. O novo layout do blog ficou lindo *-*

Dany disse...

Nhooom! Fiquei tão feliz que gostou da resenha e do layout novo! Sobre o livro, é um daqueles que, não importa quanto tempo leve para terminar, sempre vai valer a pena!



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