O Diário da Sibila Rubra - O Retorno das Bruxas

em segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Autor: Kizzy Ysatis
Gênero: Romance, Ficção, Literatura Brasileira
Páginas: 264
Editora: Novo Século

“Acredite e não tenha medo;faça o seu que a magia acontece; enxergue primeiro que depois aparece.”


“Diário da Sibila Rubra”, do escritor nacional Kizzy Ysatis, é de um encantamento sedutor. Com capítulos curtos e doses homeopáticas de poesia e sonhadoras referências, somos envolvidos em silêncio pelos pensamentos da protagonista, ecoados nas páginas de um diário.

Os acontecimentos relatados no diário, se passam entre o finalzinho do século XIX e comecinho do século XX, na Ilha de Santa Catarina (sim, aqui mesmo no Brasil), onde morte, amor, mistério, entes do folclore nacional e europeu dançam graciosamente a mesma valsa ao som do ultrarromantismo de bruxas, crendices e vampiros entre outros seres fantásticos no cenário gaúcho que já inspirou tantos e tantos poetas.

No eixo central da história, temos as Sibilas que originalmente, são personagens mitológicos, oráculos criados pelos deuses e que nesse livro recebem uma nova representação: A Ordem das Sibilas Rubras, que de tão encantador chega a perturbar.

Numa narrativa não linear, nos encontramos à mercê das lembranças de Elaine Voltaire, e descobrimos que ler um diário é ver uma história com os olhos de quem escreveu.  E esse pequeno detalhe causa verdadeiras surpresas. Bom... isso depende do ponto de vista de quem lê. E esse é o meu.

O romance apresenta muitos personagens cheios de vida ou despojados dela (como no caso do vampiro Luar) e históricos como Álvares de Azevedo. Cada um tem sua vez, agindo a seu modo e cumprindo sua sina: não importa o quanto torçamos, seguem irremediável e inexoravelmente seus próprios rumos.

A história é tecida de forma que vistamos as peles de todos, sem, no entanto, nos darmos conta disso. É praticamente impossível eleger um favorito e até mesmo quem naturalmente deveríamos odiar se mostra adorável. Eu já disse aqui um sem número de vezes que tenho uns tombos feios por vilões. Mas no caso desse livro, o que temos são antagonistas (de qualquer forma, antagonistas não deixam de apresentar sua vilanidade de um jeito ou outro, você não acha?).

E por falar em antagonista... o final mantém uma revelação cortante e que me espicaçou o coração em agulhadas. E é claro que não vou contar o que é. Mas logicamente meu diafragma estancou quando li aquelas linhas no capítulo, ou melhor, “Opus treze – O Duelo da Sibila rubra e a luta efêmera do lâmia”, ao som de Klavier, da banda alemã Rammstein.

Então, quando recuperei um pouco da serenidade, pensei comigo mesma: “Ora, o que eu podia esperar de uma bruxa e um vampiro na mesma história? Luar, seu grande @#%$%*¨¨!”.

O livro inteiro é de um cuidado esmerado, com doces citações abrindo capítulos que se intricam e interligam com maestria. A capa encanta, e o conteúdo é onírico e imersivo. Foi algo como se, ao constatar os defeitos e qualidades dos personagens, entrássemos em contato com nossos próprios. A aura dessa leitura vai muito além da identificação.

Não é a toa que o “Diário da Sibila Rubra” é uma obra memorável em todos os sentidos: O trabalho incansável de pesquisa ressona em cada linha e a sensibilidade do autor em construir cada um dos personagens, arremata com toque de mestre as referências de um berço de literatura clássica, seja ela nacional ou não. O que torna esse livro uma daquelas obras inesquecíveis, que só de olhar ali, na prateleira, causa suspiros.

Depois de todos esses parágrafos nem preciso dizer que a leitura é recomendadíssima, não é mesmo?
E você? Conta pra gente o que achou dessa resenha ou nos dê dicas de livros para resenhar! ;D

Até a próxima folks!

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