Barateando na Bienal do Rio 2015

em terça-feira, 15 de setembro de 2015




Ué, se você sempre vai à Bienal de SP, Por que tem que ir na do Rio? Me fizeram essa pergunta mais de uma vez. E talvez esse post responda isso. Talvez não.

No Rio encontrei autores, amigos, batemos papo, conheci novos livros, passei por aventuras e fiz novos amigos e claro, trouxe uma quantidade de livros pra casa...

Toda Bienal é uma festa, uma celebração do encontro entre autores e leitores. Mas também é um aglomerado de oportunidades de trabalho, de investimentos literários, parcerias e estudo de tendências. A edição 2015 da Bienal do Rio trouxe um mar de jovens leitores às editoras e estandes de livrarias. De repente, ler virou moda. Que bom! Só espero que seja como o jeans: não saia de moda nunca!

Embora a Bienal pareça de longe um mercadão para compra desenfreada de livros, revistas e porcarias aleatórias, também é um ótimo lugar para conferir lançamentos, bater um papo bacana com autores nacionais e descolar autógrafos. Adoro passear entre os estandes, principalmente nos mais simples, das editoras pequenas, conversar com pessoas de carne e osso, tirar fotos e conhecer novos trabalhos.

E cada passo de formiguinha vale a pena. Toda vez que encontro um livro incrível e um escritor maravilhoso, toda vez que descubro um novo universo e abro aquele sorrisão dizendo: “caraca! Isso foi feito aqui!” tenho mais certeza ainda do desejo de ir na próxima,  e na  próxima e na próxima bienal.  

Nesse artigo, falo apenas como leitora e frequentadora de Bienais e outros eventos literários. Desligo aqui qualquer conhecimento mercadológico, estatístico ou econômico. Baseio minha opinião no que vi em dois dias de evento e em minhas aventuras anteriores.

Talvez eu esteja brisando muito e de repente apareça um catedrático entendido e venha me dizer o contrário. Mas achei incrível a quantidade de jovens na bienal desse ano. Estive lá nos dois últimos dias. Vi uma quantidade assustadora de crianças, adolescentes e jovens de seus vinte e todos anos, ávidos por livros. Vi pais incentivando o hábito da leitura, levando seus pirralhos ao evento, enfrentando filas para pagar pelas obras. De repente, meu coração encheu de alegria.

Claro, nem tudo é um jardim colorido com borboletas encantadas. A busca por livros nacionais é infinitamente menor do que pelos YA estrangeiros. Quero acreditar que estamos em um processo: primeiro, as pessoas aprendem a ler e se interessam por livros. Depois descobrem a quantidade de trabalhos fantásticos que temos aqui mesmo no Brasil. E então, quem sabe, num futuro não tão distante, eu veja a literatura nacional em destaque nas livrarias e nas próprias bienais. Não me dê um tapa na cara nesse momento. Deixe-me sonhar só mais um pouquinho.

Voltando à pergunta do inicio desse post: Ué, você não vai na Bienal de SP? Por que tem que ir na do Rio?

Eu tenho essa mania piegas de guardar meus livrinhos autografados, com orgulho e carinho. Não acho que escritores devam ser tratados como estrelas pop, mas com respeito, e sobretudo, reconhecimento: Afinal, alguém foi corajoso o suficiente para por suas ideias num papel, publicá-las e dividir, seja seu ponto de vista, seu novo universo ou sua inspiração. Cada escritor está lá, se expondo, mostrando o quanto a falta de atenção pode tornar seu trabalho frágil.

Alguns dos livros mais incríveis que li nos últimos anos foram adquiridos em bienais, depois de uma conversa animada com autores dispostos a semearem seus livros em mentes abertas. E é desses encontros que não abro mão.

Desde 2012, o evento da Bienal, tem sido “anual” para mim. Tenho me revezado, frequentando a do Rio e de São Paulo. Não é que eu seja uma louca gastadeira, uma livrólotra desenfreada (ou talvez seja). Mas nos últimos quatro anos, tenho acompanhado o público crescente, as transformações nos gostos literários e nas pessoas.

Se eu fosse fazer uma retrospectiva bem resumida, daria para marcar os “frissons” das últimas edições:

2012 (SP) – o polêmico 50 tons de cinza estava pra todo lado.
2013 (RJ) – Vi um monte de sacolas transparentes carregando A Culpa é das Estrelas, de Jonh Green. Lembro de ver muito livro do Nicholas Sparks e seus romances água com açúcar. Teve lançamento do livro do canal do youtube Porta dos Fundos também.
2014 (SP) – Tinha livro de jovem adulto pra todo lado. Jonh Green ainda estava na parada e a Talita Rebouças carregando uma legião de garotinhas. Cassandra Klare também arrancou suspiros e lágrimas de fãs que não puderam entrar no auditório para vê-la.
2015 (RJ) – Não aguentava mais ver a cara da Kéfera e do Cristian Figueiredo pra todo lado. Parece que esse ano, o lançamento de livros de youtubers está em alta, sei lá.

Claro que esse é meu ponto de vista unilateral, desprovido de qualquer outra visão apurada, e sem nenhuma base de dados sociais-econômicos-antropológicos-editoriais.

Lembro de quando fui à Bienal do Rio em 2013. Fiquei maravilhada com os estandes enormes, os corredores largos, os jardins e banheiros limpinhos. Esse ano foi a mesma coisa e ainda assim me diverti muito mais. Dessa vez tinha amigos para encontrar e reencontrar, autores para prestigiar novamente.

O Rio Centro (que de centro não tem nada, fica no fim do mundo, quase uma outra dimensão) é gigante, com três pavilhões enormes e jardins. Ele é quase o lugar perfeito, não fosse sua localização. E mesmo assim o carioca vai lá, pega dois, três ônibus, metrô, balão, asa delta, etc. Enfrenta fila e ainda tem saco para dar atenção a autores, tirar foto, incendiar estandes e esgruvinhar promoções.

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Foi na Bienal do Rio que comecei a encarar esse evento como uma grande festa, uma celebração louca, para mais de meio milhão de pessoas, de todas as idades e credos. E assim, como quem não quer nada, partilhei de uma alegria engraçada, um sentimento coletivo de que as coisas, pelo menos no mundo dos livros, estão andando e que as pessoas estão lendo mais ou começando a ler.

Foi divertido, como tudo na vida tem que ser.
E que venha 2017! ;)

Para conferir o albúm completo, visite a página do Barato, clicando aqui! 

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