Bem-Vindos à Livraria Hyunam-Dong

em sexta-feira, 5 de janeiro de 2024



Autor:
Hwang Bo-Reum
Gênero: Romance/ Ficção Coreana
Páginas: 272
Editora: Intrínseca


É engraçado pensar que a primeira resenha de 2024, é sobre o último livro que li em 2023. Há uma certa poesia nisso, ainda que eu não saiba explicar exatamente.  Mas vamos lá, que é hora da resenha!

Na leitura da vez, nós viajamos para o outro lado do mundo e pousamos na Coreia do Sul, para conhecer Yeongju. Ela é uma mulher que decidiu seguir o seu sonho de infância: abrir uma livraria. E para seguir com esse sonho, Yeongju rompeu com uma vida que já não fazia mais sentido, e por conta disso, carrega consigo algumas cicatrizes melancólicas. Cicatrizes que ela esconde muito bem atrás de um olhar doce e de um sorriso gentil para os seus clientes.

Além de Yeongju, somos apresentados também a Minju, o barista da livraria, que a seu modo taciturno e observador, também enfrenta suas próprias dores e está buscando ressignificar a sua vida. E aos poucos, vamos sendo apresentados aos clientes frequentes da Livraria Hyunam-Dong. Temos a Hijoo, mãe de Mincheol (ambos, mãe e filho frequentam a livraria), Jeongseo, uma moça que passa seus dias fazendo crochê num cantinho da livraria e Jimi, a fornecedora de grãos de café da livraria e melhor amiga de Yeongju.  Outros frequentadores vão aparecendo ao longo do livro, mas esse grupo é o principal, e vamos seguindo o dia-a-dia da livraria  ao mesmo tempo em que acompanhamos um recorte da vida e dos desafios de cada um deles.

Yeongju lida com suas culpas, Minju com o medo do fracasso, Hijoo já não sabe o que fazer como filho e consigo mesma, Mincheol está prestes a terminar o ensino médio e não faz ideia do que vai fazer da vida. Jeongseo está tentando se livrar de uma raiva imensa que sente pelo trabalho e Jimi odeia sua vida de casada.  Mas nada disso é jogado de cara na gente. Vamos descobrindo sobre os personagens a medida que avançamos na leitura. E acompanhamos os seus passinhos, suas transgressões, seus pensamentos. O pequenos e grandes movimentos para seguir em frente. 

E fora esse grupo de personagens, temos a própria livraria. O que é preciso para mantê-la, os eventos para chamar mais clientes, como Yeongju faz para  cuidar das redes sociais. A constante indicação de livros para os clientes. É quase como se a livraria fosse também um personagem em transformação. A livraria é o ponto comum que une todas as histórias contadas ali, mas que também está viva e nos conta sua própria história passando ao fundo.

Essa é uma leitura que eu amei muito e que fechou meu ano de livros com chave de ouro. Gosto de leituras que nos trazem reflexões, mas que não estão exatamente nos mostrando regras de como fazer as coisas. Bem-vindos à livraria Hyunam-Dong é um livro aconchegante, de leitura suave, mas que nos deixa impressões profundas. É um livro para ser lido sem pressa, até porque, a própria narrativa tem o seu próprio ritmo e não vai se apressar só por causa da nossa ansiedade.

Para mim, essa leitura ainda trouxe outras nuances. Seja por se passar na Coreia do Sul, seja por ser escrito por uma autora coreana, eu, como uma boa  dorameira há quase dez anos, fiquei imaginando quais dos meus atores e atrizes sul coreanos favoritos combinaria com os personagens do livro. Aliás, para quem gosta de dorama, vai ser muito fácil se ambientar na livraria-café. Inclusive,  a narrativa suave e intimista de Bem-vindos à livraria Hyunam-Dong, me lembrou doramas como "Irei quando o tempo estiver bom" e "Um pedaço de sua mente". 

Acho que esse é o quarto livro escrito por autores coreanos que trago aqui na blog (embora seja o primeiro de romance). Temos resenhas do dois livros do Monge Coreano Haemin Sunim, " As coisas que você só vê quando desacelera" e "Amor pelas coisas imperfeitas", e um livro ilustrado "Love is" da artista Puuung

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