Ou a minha mania de me apaixonar por pessoas mortas
Eu tinha acabado de fazer 16 anos
e um livro veio parar em minhas mãos: Palomar, de Italo Calvino. Eu tenho esse
livro até hoje. Num artigo passado, nós já falamos daquele livro que nos faz
gostar de ler, quando descobrimos o que realmente nos agrada. Mas esse post é
diferente. Estou falando de um livro que me fez ter vontade de escrever. E de
escrever de verdade.
Como eu já disse, tinha apenas 16
anos e lia de tudo: fantasia, aventura, romances policiais (amém mestra Agatha
e Conan Doyle), misticismo, literatura clássica etc, mas Palomar foi o primeiro
livro que me fez pensar de fato no que estava lendo e que me fez transpor a
leitura em vivência. De repente, eu mesma era Palomar, observadora do meu
mundo, do macro e do microcosmo.
Naquela época eu estava
descobrindo o mundo de fora, mas com esse livro eu descobri que havia um mundo
inteiro dentro de mim. Um mundo que conversava com o lado de fora em pequenas
coisas. E eram exatamente essas pequenas coisas que precisavam falar: um sonho,
uma vontade, o vento que bate na cortina e que, sem que ninguém perceba,
desenha uma valsa de tecido e ar.